quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Golpe de teatro

O referendo na Grécia (provável) ao último pacote de “ajuda” da Troika, independentemente das razões que estiverem na base da sua convocação (a destituição dos chefes dos várias ramos das forças armadas é muito estranha), têm várias implicações a meu ver da maior importância, de que destacaria 2:

1.      O pacote de ajuda à Grécia foi decidido ao nível da UE, impulsionado pela acção da dupla Merker-Sarkozy – aliás o ar de “ovo cozido” com que o Sarkozy declara que os chefes de estado deviam ser solidários com o sucedido é lamentável e a própria afirmação ridícula. A primeira solidariedade de qualquer líder de governo é com o seu próprio povo, não com os colegas da UE – OUVIU SR. PASSOS.
Depois de 2 anos a “esmifrar” os gregos, e com um novo pacote que já foi definido basicamente por terceiros países, devolver a decisão ao povo sobre a aceitação de novo e violento pacote de austeridade parece do mais básico sentido de fidelidade ao povo. Aliás o PM grego saberá que a sua legitimidade para a implementação de tais medidas sem um mandato claro das vítimas é nula. Esta decisão permite aliás discutir algo a que se vem fugindo: quais as opções alternativas a estes programas de ajustamento “a la FMI” – se calhar existem.
2.      Fica-se a saber que os devedores também têm poder negocial, e que não há nenhuma boa razão para que o processo esteja a ser gerido pelos credores e defendendo unicamente os seus próprios interesses. (O discurso dos pecadores do sul VS os financiadores do Norte tem que ser ultrapassado. Introduz ruído numa discussão séria, esconde que para haver devedores houve quem conscientemente emprestasse, esconde a natureza do endividamento, e sobretudo esconde quem são os verdadeiros beneficiários da situação actual.)

Receio que estejamos a assistir ao princípio do fim do euro. E acho que ninguém sabe o que se seguirá. Vivemos tempos perigosos…

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