É verdade que ao mesmo tempo havia a percepção de que parte da economia nacional estava a ser eliminada (pesca, agricultura, parte da industria), mas vendia-se que eram actividades onde não éramos competitivos, e que a UE nos ajudaria a dar o salto para os sectores modernos e de futuro. E a entrada no Euro era parte do processo de modernização.
O filme começa a enegrecer quando, com o passar do tempo, a pouca competitividade se mantém, o investimento público para ajudar a dar o tal salto qualitativo na nossa economia começar a ser bloqueado pela necessidade de cumprir critérios macro-económicos para estar no euro (o famoso discurso da “tanga” do governo Barroso é um marco) e o crescimento económico, base de qualquer evolução, estanca (de 2001 a 2010 o PIB português foi um dos que menos cresceu a nível mundial – está no Top 5 a contar do fundo!!!).
As notícias que hoje surgem na imprensa, exemplo aqui, aqui e aqui, sugerem que, na ausência de resultados da actual receita de austeridade para combate à crise soberana, em vez de se alterar a prescrição vai-se começar a cortar membros do corpo do doente. Admitir uma Europa a duas velocidades, que na verdade são 3 (os países euro-premium, os países euro-lixo e os países não euro), é estou em crer caminhar para o fim do sonho europeu.
Ao excluírem-se estados do euro, por decisão clara e assumida de 2 dos estados, de forma quase unilateral, está-se a abrir a caixa de pandora do egoísmo nacional (sempre implícita mas até aqui disfarçada nos discursos dos líderes e no papel agregador das instituições europeia).
Três notas finais:
· Lamentável o papel de Durão em todo este processos – ultrapassado há muito pela acção do eixo Franco-Alemão, sem influência, sem acção, sem relevância – um fantoche;
· Ao que parece tudo isto é precipitado porque Sarkozy quer manter o triplo A da França nas avaliações das agências de rating, Isto é sintomático do ponto ao que as coisas chegaram;
· A democracia e o escutar os governados foi banida dos processos de decisão da EU.
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