segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Lost in Translation

Passado um par de anos revi na 6ª feira à noite, na TV, o primeiro filme (acho) da Sofia Copolla – Lost in Translation.
Neste segundo visionamento gostei ainda mais deste curioso filme. Para além de, machistamente, concordar com estes reparos relativamente à cena inicial, gostei muito do quadro de fundo de um Japão muito diferente do que qualquer ocidental está habituado, do espanto com que os personagens olham para o que os rodeia, da sua disponibilidade para olhar.
Neste sentido este filme desperta a vontade de viajar, no melhor sentido que esta experiência pode ter: para estar disponível para olhar, para nos deixarmos tocar e surpreender.

Depois tudo é muito bem filmado, original, bonito, surpreendente, transmite sensações que vão para além do que se está a ver.

Por outro lado, a história da relação entre as 2 personagens principais – uma jovem (Scarlett Johansson) recém casada que acompanha o marido igualmente jovem, fotógrafo, e que anda à procura de um sentido para a sua existência, e um actor (Bill Murray) a entrar na fase de declínio da sua carreira e da sua vida, e que vai ao Japão promover um wishky - é tratada com uma sensibilidade muito grande.
Aos receios que a jovem tem sobre o casamento (o marido é um bocado parvo) e o sentido profissional que quer dar à sua vida contrapõe-se o actor na fase descendente do casamento e da profissão, situação que está a aprender a digerir. Entre estes 2 extremos, que afinal têm ponto de proximidade, nasce uma paixão muito bonita, que se desenvolve naquele estranho ambiente, quase numa bolha, e que não é consumada fisicamente no filme, mas que é deixada em aberto no final (não se sabe o que é dito entre os personagens na última cena).

Muito, muito bom.

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